Abr 13, 2011
Fui ao subterrâneo das minhas intrigas procurar um pouco de verdades, tudo que achei foram nós na cabeça e conceitos que pareciam miragens, fiz dos sorrisos um início de vitória, um passo decorrente que nunca cessou, procurei oasis no pensamento e um pouco de conforto para calar a mente imatura. Depois de horas a fio entre o desejo de buscar caminhos vangloriosos e a sede de pular de cercas intactas pelo destino, vi meus olhos mirarem belas pastagens, belos campos e sonhos floridos. No desfiladeiro das cegonhas vi nascer o primeiro recém-nascido, aquele que veio celar suas armaduras e enfrentar meio mundo, me joguei do precipício em busca de vaidades e inúmeras possibilidades passaram rente a mim como vento, eu era o frio a inebriar de razões até então esquecidas, qualquer rumo aparente, um soro incerto que talvez viesse a curar o corpo e também a alma, um espiírito indolente a premeditar o socorro e a ajuda necessária. Fugi da minha gaiola, agora eu era um pássaro solto, longe do ninho, batendo suas próprias asas. No decorrer do dia e no percurso da madrugada, fiz de conta que era o rei, mas essa majestade queria usar seu trono como forma de poder, como abuso indecoroso a quem sabe ser mais do que podia numa noite abissal. Eu fugi da maldade que queria se alastrar e procurei com simples gestos, uma única gota de bondade, esses pingos seguidos de chamas anunciavam a profecia de vias melhores, ruas que podiam indicar horizontes e planícies pouco perdidas no tempo. O tempo era algo que parecia sem soluções, o passado me assombrava às vezes como quem quisesse repetir outras vidas num único monte de incertezas fúteis. Eu tentava novamente escorrer por esse ralo e sair num paraíso mais hospitaleiro e cheio de perfume. O grande contraste entre trevas e anjos de uniformes brancos e harpas na mão dependia das escoriações que o céu jogava em seus colos, das nuvens que carregavam lágrimas e do sol a carregar luzes. O momento era de claridade, me afastar do que poderia chamar de pensamento nublado e insano era o melhor a ser feito. Meu prognóstico de ilusões era só uma vista embaçada que aparecia no mapa sem dizer ao certo para quem era o tesouro. Meu tesouro era esquecer tudo que aconteceu e começar uma vida nova plena de carinhos e felicidade. Fui ao pântano encontrar glórias e me vi afundar numa areia que abria espaço a novas possibilidades, mergulhei fundo e o que encontrei foi o outro lado da moeda, uma natureza aberta para fortunase muitos cristais que refletiam todos sentimentos mais puros. No poço pude aprender a sonhar e assim nunca mais cai, tive a vantagem de voar feito asas, além de um infinito que acariciava as limitações e sabia que limites não existiam, só a complexidade das razões e do espaço. Nos pés que caminham sempre haverão passos maiores que as pernas mas o que importa é estender as mãos para esses pés continuarem a caminhar. Tenho a nitida impressão, de que quando fico parado é porque tem algo maior falando pra isso acontecer e que quando movimento é porque novas escolhas surgiram sem pestanejar. Tento fazer destas escolhas, o meu destino, um palco iluminado pra vida e pra tudo que pode me tornar um ser mais abençoado. A grande vantagem do mundo é não esquecermos quem somos, lembrar que fomos feitos nas prisões mas que existe liberdade, que existem conquistas, que o céu não pode criar barreiras , que nem mesmo o chão pode servir de obstáculo. Por mais que o cimento pareça erguer uma estátua inerte, sempre há a possibilidade que esse homem de pedras e areia mova um dedo em direção a tudo que pode criar monumentos maiores que ele mesmo. Sei que choros quando há tristeza aflorando meu peito, quando uma flor murcha em minhas estâncias anuais, em minhas insônias minerais, é hora de reconstruir castelos e concretos, de elevar a mente na intuição , que assim tudo recomeçará mais belo. Saiba, troféu de intrigas e lamúrias, que os bons pensamentos nunca cessam , que não há tempo pra desperdício, onde há vela acesa, tem uma pluma pairando no ar lentamente, pronta a calcular sua matemática até que aterrize. Vou fazer de conta que sou um poema e sua estrutura macia, rica em estrófes, vontade de virar um soneto não me falta, nem vontade de rimar. Há quem diga que haverão pesadelos durante as tempestades, mas eu acredito que nunca é tarde quando acendemos o fogo com vontade. O homem inventou a roda, também inventou o fogaréu das noites que ficava nas cavernas, então, ele é capaz de tudo, de subir montanhas e construir vilarejos, campánarios e sentir que falhar é um processo natural de toda humanidade. Durante o começo dos séculos, antes mesmo de haver morada para lacaios e estranhos, muitos sabiam que a serpente dos maus comentários preparava seu bote, que a morte era o inicio de novas aventuras e que corrigir fracassos era abrir as portas para um novo retrato, onde se podiam ver riquezas e também aqueles que eram pobres de espírito. Felicidade e é um alvo com teor de nauseas, com teoremas e pausas, com alegrias e surpresas, não existem só pólos negativos ou positivos no mundo. Durante a hospedagem dos cometas aqui na Terra , muitos seres foram extintos e outros inaugurados. Saiba que os comparsas do crime, ou de qualquer ato insolente fazem por merecer suas recaidas e seus sofrimentos, que nos corações mais entusiasmados há a esperança de crescer sempre e de se tornar um sol nascente. Cicatrizes e marcas de nascença não me faltam pra dizer, que sou os pontos a corrigir qualquer veia dilacerada. Quando não se sabe mais o que dizer a gente embroma, vai repetindo cenas, reprisando acontecimentos, fazendo das viagens insólitas, um aprendizado diário sem menosprezar os professores que passaram durante as fases de dúvida e incompreensões.
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Dic 22, 2010
Há um desvalido de sinceridade constante
que deixa minhas veias autistas
não se revelarem como sangue de artista
e que faz águas vermelhas se perderem
à margem de um sofrido continente
quem não é honesto e se perde nas areias
caquéticas do mau funcionamento
não consegue drenar sua maré viva
deixa sim as artérias correrem desalinhadas
e nos desatinos das curvas onipresentes
solta os fardos mais que pesados
e não afrouxa os fechos carpinteiros
das velhas encruzilhadas
são carpideiras destilando o fel
feltro feito de irremovível verniz
que respinga no vinho vencido das igrejas
e seja por pueril vigília de um traste qualquer
ou por pestes que vivem a mingua na sarjeta
nunca enganarei meus córregos
aterrado-os em artérias
não colocarei rejeições em meu leite derramado
sentirei severamente as cócegas de minhas tralhas
trocarem as vestes dos armários
e tocarem de pranto aberto
novas possibilidades de risada
sobre as gôndolas leiteiras do passado
não sentirei mais as dores verbais me assolarem
nem o ganho e a perda de minhas natas
me amamento de idéias hilárias
e corrijo nesse corredor de óvulos
hábitos de uma grandeza sustentável
para multiplicar os alívios de compensação
não colocarei em meu corpo
fluidos e semens da rejeição
nem farei a asma que contem as palmas
sufocar de aplausos a reticência de meus atos
se as exclamações de minhas entranhas
optarem por horas a fio de interrogações
ponho vírgulas e pontos em minhas emoções
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Dic 17, 2010
Vou contar os dedos das mãos
como quem desfolha seus quilates
forjando seus anéis incrustados
procuro remover com álcool os desgastes
que tingem a mente de preocupação
vou dourar a ouro minha alquimia
que é destilar segredos ilusórios
vou remover as pestes públicas
pra não andar na multidão
sonhando acordado
vou bocejar vagarosamente
e flambar as labaredas da visão
olhar com doçura meus critérios
meus créditos de devoção
assim pretendo desposar maciez infindável
e não cair no peso das armadilhas
que criam embalagens frágeis
vou abrandar o teor cético
das minhas peripécias divinas
falar em tom raquítico
que pretendo lapidar minha estrutura
minha cartilagem óssea
tem motivos de sobra
pra não se assombrar com corpos
que aglutinam lamentações
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Dic 17, 2010
1
Uma selva de lâminas
acariciava os arbustos
que pequenos dilaceravam muitos
era de se espantar o tamanho dos sustos
que coléricos difamavam os outros
nas entrelinhas de um arvoredo
se via escondida a pequenez atroz
que consumia a grandeza de poucos
era notório o calcular de preces graúdas
que afastariam os desfalques e fobias
pra que gestos servissem de alento
era preciso mais que contentamento
era preciso que a proteção dos cômicos
limpasse o humor de seus assoalhos
e não pisasse no gramado da seriedade
era preciso nostalgia em forma de criança
pra que na infância o amor restituísse a saudade
nos vínculos que unem veículos
estão unidas as lembranças motoras
ninguém esquece de estacionar mais tarde
uma guerra de seda tremula
não espanta dos olhos a leveza
e não deixa de fazer voar a libélula
que esbanja em seu pouso a certeza
que seremos felizes pra sempre
uma serra que corta a cerca
nunca mais prenderá infortúnios
e não salgará o mel das abelhas
pra que mude de gosto a tristeza
que um dia se transformará
em luxúria previa da alegria
pra que num hibernar de luzes
nunca se apague a euforia
é sabedoria absoluta se embrenhar em via
espantar as ruas da agonia
e tilintar pelas mais belas avenidas
uma trégua as campinas
que verdes não amadurecem seus conselhos
e se entregam ao rústico patrimônio das intrigas
devemos espelhar nossos reflexos na montanha
e avistar a serra que se condensa diante das maravilhas
2
Em meio à sombras delirantes
a carniça debruçava suas lastimas
a cabeça debruçava ameaças
e o ombro dissecava-se nas matas
era lisonjeiro o açoitar de corpos
ruminando a esmo
e as incógnitas do tempo
diziam que o amor estava em pedaços
ninguém morria de fato nos campos
ninguém entoava um só pranto
e chorava órbitas e desenganos
era de derramar vitórias
cada gota ininterrupta de fracasso
e a derrota perpetuava nos corações
onde o homem passava horas a fio
num compasso intrigante de idéias
e os tecidos rígidos da lisonja
interrompiam as mortes súbitas
quando havia ainda ar para respirar
os trajetos emoldurados da ira
ofuscavam o sol nascente
e declinavam o poente
eram lindas as cóleras do mundo
as feras gananciosas do lirismo
onde os poetas sanavam dores
e declamavam seus amores
troféus do exílio coletivo
e dos pecados aflitivos
nas selvas intrínsecas do desperdício
haviam ainda almas variando sonhos
catalogando adornos
desperdiçando vidas
e as nuances dos mortos eram obras
intermináveis que não cessavam
formas tetraplégicas de consumo
arquétipos de insensatez e loucura
em meio à câimbras e avarezas
o monstro da fartura devorava decência
e construía uma sociedade arrogante
formada por cartas na manga
trapaça e um punhado de avareza
no fim tudo era incerto e colibri
voando perto da tristeza
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Dic 15, 2010
Unindo a haste perfeita
me sinto famigerado ao extremo
como se estivesse no paraíso
fugindo de meus problemas
tento curtir melhores acalantos
e nunca me perder dos guizos
pois eles me fazem recordar
que cada serpente é um antro
de perdição a ser esquecido
nos semblantes mais larvais
encontro a origem dos meus nervos
explícitos e navais
eles empurram as embarcações
e deixam as âncoras para trás
nos barcos há uma proa que separa
toda discórdia que se arrasta
e deixa os marujos indefiníveis
acompanhados de restos
que querem ser reconhecidos
e não cria máquinas
que se alojam nas arestas do desperdício
mesmo nos momentos de calibrar compromisso
eu respiro com tamanho alivio
nenhuma praga pode açoitar pêlos
que se soltam dos signos animalescos
pois eles têm a garra de decifrar o futuro
e não são como fantasias de carrascos
a ignorar a formula e o soro
que podem curar o mal
toda presa culpa o predador por sua fraqueza
mas não é de se espantar que no mundo
ainda existam troféus de beleza
no paraíso volto a dizer
me sinto como quem foge dos resíduos
que tornam perecíveis as virtudes
sou um rapaz assíduo
mas nunca cavo o fundo do poço
com os mesmos tratores
nem mesmo escravizo personagens e atores
que sejam eles reais, fictícios
ou semelhança entre meus humores
prefiro rir ao gozar de meus atrevidos horrores
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