Há um desvalido de sinceridade constante

que deixa minhas veias autistas

não se revelarem como sangue de artista

e que faz águas vermelhas se perderem

à margem de um sofrido continente

quem não é honesto e se perde nas areias

caquéticas do mau funcionamento

não consegue drenar sua maré viva

deixa sim as artérias correrem desalinhadas

e nos desatinos das curvas onipresentes

solta os fardos mais que pesados

e não afrouxa os fechos carpinteiros

das velhas encruzilhadas

são carpideiras destilando o fel

feltro feito de irremovível verniz

que respinga no vinho vencido das igrejas

e seja por pueril vigília de um traste qualquer

ou por pestes que vivem a mingua na sarjeta

nunca enganarei meus córregos

aterrado-os em artérias

não colocarei rejeições em meu leite derramado

sentirei severamente as cócegas de minhas tralhas

trocarem as vestes dos armários

e tocarem de pranto aberto

novas possibilidades de risada

sobre as gôndolas leiteiras do passado

não sentirei mais as dores verbais me assolarem

nem o ganho e a perda de minhas natas

me amamento de idéias hilárias

e corrijo nesse corredor de óvulos

hábitos de uma grandeza sustentável

para multiplicar os alívios de compensação

não colocarei em meu corpo

fluidos e semens da rejeição

nem farei a asma que contem as palmas

sufocar de aplausos a reticência de meus atos

se as exclamações de minhas entranhas

optarem por horas a fio de interrogações

ponho vírgulas e pontos em minhas emoções